ESCRITA DO CORPO
| grupo online
O que poderia caracterizar uma escrita do corpo? Compartilhamento de mundos e vidas, também pode ser literatura? Como desenrolar traumas sociais sem levar em conta as nossas vísceras? O que o seu corpo sabe e você ainda não? E se você deixasse os movimentos do seu quadril, guiarem a sua escrita? Existe espaço suficiente nos seus textos para tudo o que você não sabe?
A ESCRITA DO CORPO é um termo que criamos para abordar as possibilidades da criação à partir do corpo e validar os processos criativos menos racionais. Assim como as plantas e animais, nós também fomos feitos para sentir e perceber o mundo com o corpo, portador de memórias, inteligências e potências.
A proposta do TOMAR CORPO é nos deslocar da literatura do penso, logo existo, para uma outra que sente, logo somos, em conjunto. Facilitar ao autor/artista o encontro com a sua voz à partir de gatilhos criativos que se encontram no corpo. Tatear uma escrita menos calcada no eu, que deixe espaço para o mistério, parta de vivências, transpire diversidade, possibilite o acesso aos traumas desde memórias intra-corpóreas. Vemos ela emergir com força, através de vozes indígenas, LGBTQIA+, afro-descendentes, e mulheres, que vem resgatando gestos renegados com o processo civilizatório.
Construímos em conjunto um espaço que foi se tornando íntimo. Usamos papel (e outos suportes) como extensão de experimentos vivos. Olhamos para nossas travas à partir da biopsicologia e da fenomenologia sistêmica, com especial atenção para auto-sabotagem, síndrome do impostor, pertencimento e merecimento, aspectos latentes em autores emergentes.
A cada encontro, o grupo foi se experimentando, se contaminando e se reinventando dentro de um processo que era ao mesmo tempo, pessoal e colaborativo. Utilizamos técnicas como a escrita automática, escuta dos sonhos, práticas de ritmo e expressão, jogo e dança, fenomenologia e perspectivismo, empatia e ressonância. Através de vivências e gatilhos que são acionados no corpo, trocando com outros autores, encontramos formas de tornar os frutos da pesquisa acessíveis. Os autores terminaram o ciclo de quatro meses, dotados de um ambiente fértil, incorporados de seu próprio jeito de criar à partir do corpo.
Abril: ESQUELETO, PERNAS & ANUS
Maio: LIBIDO, QUADRIL & FLUXOS
junho: VÍSCERAS, UMBIGO & OSMOSES
julho: PELE, MANDÍBULA & PULSO
Fotos do arquivo @tomarcorpo