"Para muitos povos indígenas, o trançado das cestarias é uma forma de guardar e compartilhar narrativas sobre o mundo, tanto através dos grafismos, quanto através dos ensinamentos compartilhados no fazer do trançado: enquanto se trança, se entende de onde veio aquele material, qual árvore é utilizada, onde ela é endêmica, como fazer para preservá-la" - Denilson Baniwa
"Para os povos vindos da África, as tranças tiveram um papel de resistência, pois eram entre as tranças que eram escondidos mapas com caminhos para os quilombos ou sementes tradicionais para serem plantadas. Ainda hoje, elas representam resistência e sobrevivência dos feminismos e das negritudes diante do preconceito." - Joyce Cardoso, historiadora
A trança não é somente imagem, é também linguagem, conhecimento coletivo. É uma tecnologia social que transpassa diversas comunidades e grupos, e vem historicamente fortalecendo modos de fazer e se inscrever feministas, indígenas, afro-descendentes e LGBTQIA+. A trança e o trançado nunca são feitos sozinhos, eles materializam uma experiência compartilhada, um diálogo entre materiais, perspectivas e estéticas que inauguram espaços de convivência entre corpos diversos. A trança é uma dança onde o plural se forma através do respeito pelo singular.
Esta é a principal motivação do festival TRANÇA, que convida pesquisadores, detentores de tecnologias ancestrais e autores emergentes para construir uma visão expandida de arte/literatura, abrindo espaço para esquemas corporais diversos e suas múltiplas inscrições.
Vem ser trança! ;)