finalista do prêmio SP de literatura


Quando eu fiquei sabendo que meu livro estava na lista dos finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura 2020, meu corpo tremeu e eu chorei. O mais engraçado, é que não era só de alegria. Eu também senti tristeza. Uma tristeza boa, eu diria. Eu não entendi muito bem na hora, e ainda não sei se entendo, mas talvez tenha sido porque o processo envolveu muita transformação e coragem para encarar meus próprios fantasmas, um esforço ancestral e sistêmico para lidar com questões familiares, para quebrar alguns tabus como falar sobre cura dentro de um universo tão intelectual como a literatura, por tão desafiador ter sido me implicar na história e repensar o que é ser ser brasileira.

Ainda que, para mim, escrever seja um ato de amor, abdiquei de outras tantas coisas para focar nele. Quem é mulher sabe, a natureza nos coloca limites para coisas como a maternidade, por exemplo. Será que vai dar tempo de eu fazer tudo o que eu ainda quero fazer?

Mas talvez aquela coisa engasgada que saiu junto com toda a alegria, tenha vindo do esforço extra que ser mulher numa sociedade patriarcal nos exige diariamente, mesmo com todo o privilégio de ser branca. Achar que é loucura ou menos valioso nosso jeito de ser, escrever ou agir.

Eu gostaria de ter lançado outro livro e de viver noutra realidade, e talvez, justamente por isso, eu precisei entrar neste mundo excludente para escrever "com o corpo inteiro".

Resolvi postar os finalistas todos, porque ainda que eu mereça, preciso acostumar que estou ali, junto a tanta gente admirável. Que alívio poder acreditar que as coisas estão (SIM) mudando, apesar de tudo, e que os nossos esforços estão valendo a pena.